Graves memórias
Para além da gravidade à qual todos estamos sujeitos, carrego comigo um fardo que por vezes não vale o quanto pesa. Um acúmulo gravitacional de minhas escolhas passadas. Minhas memórias. Por vezes pesam em minha mente como chumbo. Impedem o ar de encher os meus pulmões. Fazem minhas pernas fraquejarem. Meu semblante, como que para equilibrar o salto gravitacional ao passado, avança algumas décadas. Meu coração parece correr em círculos. Tento então tocar esse acúmulo que me prega à outro lugar. Não o encontro. Minhas memórias não habitam lugar algum. São espasmos de encontros passados. Ecos de um eu que não está mais aqui. Lanço então um suspiro que me traz de volta ao presente. Ainda que dele eu nunca tenha saído.